E de repente, a vontade de transcender a matéria, me
libertar de minhas mágoas e sombras, recolher todas as minhas lembranças! As
que carrego como fardo, peneirar na matriz do tempo. Ah! Como eu queria flutuar na eternidade,
conjugar o verbo amar de maneira tal que este demonstre toda a paz e toda a dor
do mundo traduzida na minha infinita angústia de um ser frustrado porque não
ecoou na sutileza do tempo... Quão mesclados são meus sentimentos, e quão
latentes! Minha voz, não a necessito. Dos olhos, uma lágrima que escorre de
encontro a um sorriso como forma de agradecimento pelo mistério da vida. Sim, “eu
sinto que sei que sou um tanto bem maior” e é nessa grandeza que me torno um
ser eternamente pequeno, aprendiz do que é belo. A vida, expressa em convenção,
me faz acreditar que vale sim arriscar, tropicar ou saltitar por experiências
de construção do meu inexplicável ‘neurotismo’. Transcender a essência. Fazer
da vida uma eterna poesia trovadoresca, bucólica, romântica... onde eu possa me
encontrar em meus eternos desencontros e incorreções. Traduzir o amor paralelo
à felicidade no simples ato complexo de viver e ser apenas humano, divino,
errôneo, certeiro... icógnita.
Marcella Souza Freitas
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